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terça-feira, 16 de junho de 2009

A filha do Grufalão


Nenhum grufalão deve entrar na floresta escura. - Porque não? Porque não? -Porque vem o Grande-Rato-Mauzão e come-te… - Como é ele papá? - Já não me lembro bem, vi-o uma vez e fugi sem parar... O Grande-Rato-Mauzão tem uma força notável. E a sua cauda cheia de escamas é interminável! Os olhos parecem lagos de fogo, horríveis. E os bigodes mais duros que arame, são terríveis! Mas uma certa noite, em que lá fora a neve caía... O Grufalão roncava e a Filha não dormia… A Filha do Grufalão também valente se sentia. Por isso, pé ante pé, deixou a caverna do Grufalão. A neve caía e o vento assobiava medonho. A filha do Grufalão entrou na floresta – não foi sonho. - Ah! Oh! Um rasto na neve que cai! De quem é e para onde vai? Uma cauda saía dos toros junto ao chão. Seria a cauda do Grande-Rato-Mauzão? A criatura deslizou cá para fora. Os olhos eram pequenos e os bigodes, nem vê-los. - Tu não és o rato?- Eu não. Mas ele está aqui ao pé a comer grufalão em puré. O vento assobiava medonho e a neve caía sem parar, mas a Filha do Grufalão dizia: - a mim não hão-de assustar. - Ah! Oh! Marcas na neve! De quem são estas marcas de garras e para onde vão? Dois olhos brilhavam no cimo da árvore. Seriam os olhos do Grande-Rato-Mauzão? A criatura voou até cá abaixo. A cauda era pequena e os bigodes, nem vê-los. - Tu não és o rato! - Uh, uh! Eu não. Mas ele está aqui ao lado a comer grufalão assado. O vento assobiava medonho e a neve caía sem parar, mas a Filha do Grufalão dizia: - a mim não hão-de assustar.- Ah! Oh! Pegadas na neve! De quem são e para onde será que vão? Hummm!… Bigodes e uma toca no chão. Será esta a casa do Grande-Rato-Mauzão? A criatura veio cá para fora, mas os seus olhos não eram horríveis,a cauda não tinha escamas e os bigodes, não eram terríveis. - Tu não és o rato! - Eu não. Mas ele está aqui no mato a beber chá de grufalão. - Isto é uma partida. Eu não acredito no Grande-Rato-Mauzão. Mas olha quem vem a sair do buraco? Não é grande. Não é mauzão. Mas é um belo rato. - Hum, que bem deves saber no meu prato!!! A Filha do Grufalão agarrou logo o rato para o comer. - Espera! Antes de me comer, o meu amigo devias conhecer. - Deixa-me subir àquele ramo que logo o chamo. É tão mau e tão grande que só acreditas depois de o veres. - Deve ser o Grande-Rato-Mauzão. Ele existe, afinal. O Rato subiu a um ramo. A Lua estava cheia e uma sombra terrível desenhou-se no chão. - Ahhhh! - É o Grande-Rato-Mauzão… O ratinho sorriu e saltou para o chão. - Ah! Oh! Marcas na neve! De quem são estas pegadas e para onde vão? As pegadas iam até à caverna do Grufalão. Onde já estava a Filha do Grufalão deitada ao lado do pai. E o Grufalão roncava, roncava e roncava...

DONALDSON, Julia - A filha do Grufalão. Lisboa : Verbo , 2004 .

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